domingo, 12 de julho de 2015

Use psicologia para fazer suas maldições funcionarem

ATENÇÃO: O Diversos e Universos não apoia nem sugere que as pessoas façam algum mal a outras; o artigo se destina apenas a ilustrar um assunto científico.
Maldições não são reconhecidas pela ciência, mas se tem uma coisa da qual os estudiosos não duvidam é dopoder da mente. Diversas pesquisas já demonstraram convincentemente como seres humanos são sugestivos – um exemplo é o “efeito placebo”.
Sendo assim, não é preciso ser uma bruxa de mil anos para infligir dor a seus inimigos – basta ter a ciência e a comprovada capacidade da psicologia ao seu lado para convencer as pessoas de que suas maldições são eficazes.
Para tanto, vamos recorrer ao efeito “nocebo”. Você com certeza já ouviu falar do efeito placebo – o fato de que pílulas de açúcar aliviam sintomas de pacientes, apesar de não terem medicação nenhuma.
O efeito nocebo é o oposto. Do mesmo modo que pessoas que acreditam estar tomando um remédio se curam mesmo sem tê-lo tomado, pessoas que ouvem possíveis efeitos colaterais têm maior probabilidade de senti-los (por exemplo, pessoas informadas de que uma pílula irá causar-lhes dores de estômago vão sentir dores de estômago).

Maldição nocebo

É fácil fazer alguém acreditar na sua maldição. Tudo o que você precisa fazer é criar o ambiente certo.
Se vista de acordo, escolha uma noite escura e tempestuosa para o seu encontro, e siga alguém na rua dizendo-lhes que suas entranhas vão se torcer, ou que nunca mais terão uma boa noite de sono, ou qualquer coisa maldosa que você consiga pensar – e deixe que a mente de seu alvo faça o resto.
Tal psicologia funciona até mesmo em grupos. Há boatos de que uma “maldição” (efeito psicológico) foi a causa da “praga dançante” (episódio em que pessoas literalmente dançaram até a morte em 1500 na Europa).
Algumas maldições podem envolver mais trabalho. Por exemplo, uma forma de fazer as pessoas arruinarem a própria vida é dando-lhes muita informação.
Um estudo da Universidade Queen Mary de Londres (Inglaterra) reuniu participantes e deu eles a tarefa de fazer previsões ou manter a saúde de um bebê (não um real, ainda bem). As pessoas que receberam aconselhamento e atualizações constantes, mesmo que as atualizações fossem elogios, tendiam a ir pior do que as pessoas que foram deixadas sozinhas.
A ideia é que, a fim de fazer um bom trabalho em qualquer coisa, as pessoas precisam se concentrar para tomar a decisão certa. Ouvir opiniões de outras pessoas as faz perder o foco e estragar a tarefa. Quanto mais complexa a tarefa, incentivos mais calorosos parecem arruinar o desempenho das pessoas.
Com a tecnologia de hoje, este é um trabalho que você pode fazer de casa. Basta configurar um monte de contas do Facebook que se revezam para dar incentivos, opiniões diferentes, conselhos contraditórios e bam! Vida do inimigo arruinada. E quanto mais ele se sentir perdido, mas vai depender de influências externas para ajudá-lo, o que, é claro, é pior para ele em última análise.

Brincadeiras à parte…

A chave para uma maldição psicologicamente devastadora é impotência. Impotência cultiva uma condição chamada de flacidez diastólica, que é uma queda extrema na pressão sanguínea. Essa queda já foi associada à morte de pessoas aparentemente saudáveis que acreditavam estarem amaldiçoadas.
Elas achavam que não havia nada que pudessem fazer – estavam amaldiçoadas e pronto -, e a resposta física para esse “conhecimento” as matou.
Eis a extensão do poder da sugestão e da mente: o de fazer alguém acreditar que vai morrer.
Na China e no Japão, a taxa de ataques cardíacos aumenta no dia quatro de cada mês. O número quatro é considerado um número de azar nesses países. Assim, toda vez que tal dia chega, configura a combinação necessária para matar alguém: medo, consciência e desamparo.
Quando a ameaça se multiplica, não há como fugir dela. Um famoso compositor, Arnold Schoenberg, tinha medo do número 13. Aos 76 anos, um amigo mencionou que sete mais seis era 13. Schoenberg morreu no dia treze desse mês, depois de ter passado o dia todo na cama, com medo de falecer. Obviamente, o amigo ou era responsável por homicídio culposo ou um profissional qualificado para lançar maldições.
Inevitavelmente, “maldições” não funcionam com todo mundo, já que sempre vai haver algumas pessoas que não acreditam nesse tipo de coisa.
Mas a verdade é que todo mundo se preocupa com algo, todo mundo é influenciado por fatores externos, e todo mundo pode ter o psicológico abalado.
A ideia de que algumas pessoas são isentas de influência biológica e social envolve um pensamento ainda mais mágico do que a crença em maldições.
Mas, se você está pensando em mexer com a cabeça de alguém, fica um alerta importante: a ciência não sabe como a “maldição” afeta seu praticante. As pessoas que lançam maldições são constantemente sujeitas a pensamentos ainda mais estressantes e aterrorizantes do que os outros. Melhor não se arriscar; sua mente pode se voltar contra você. Todos sabemos que ela não pede nossa opinião para nada – tem vida própria.

Qual a velocidade máxima que o homem pode correr?

Em busca de tempos cada vez menores para a corrida de 100 metros, os atletas têm se esforçado ao máximo. O jamaicano Usain Bolt detém o recorde desta modalidade com o impressionante tempo de 9,58 segundos. Mas será este o menor tempo possível para um ser humano normal correr?
Para responder esta pergunta, o biólogo Mark Denny, da Universidade de Stanford (EUA), resolveu fazer uma abordagem estatística ao problema. A ideia por trás do trabalho de Denny, publicado em 2008 no Journal of Experimental Biology, era de que, à medida que os atletas chegassem próximos do “limite natural” de velocidade do ser humano, as diferenças de tempo entre um recorde e o próximo ficariam cada vez menores, e um gráfico mostrando a evolução do tempo total se aproximaria de um platô.
Usando resultados de corridas de 100 metros desde os anos 1900, Denny utilizou um programa de computador para tentar encontrar uma curva que melhor descrevesse estes resultados, e chegou a um modelo que prediz que o tempo humanamente possível deve ficar em torno dos 9,48 segundos, embora os tempos humanos não tenham ainda chegado a um platô (não tenham se estabilizado).
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Como comparação, Denny também desenhou gráficos dos melhores tempos de puro-sangues corredores e galgos de corrida, e descobriu que para estas raças também há um limite de velocidade, com pouca melhora desde os anos 1950 para os cavalos do Kentucky Derby, e desde os anos 1970 para os galgos.
“Olhando as outras espécies, as que estamos tentando criar para correr cada vez mais rápido, isto não está funcionando”, diz Denny. “Não há razão para pensar que os seres humanos sejam diferentes de outras espécies, que de alguma forma estas coisas não tenham limites”.
Uma outra abordagem foi feita pelo especialista em movimentação humana, Peter Weyand, professor de biomecânica na Universidade Metodista Meridional (Texas, EUA). Segundo Weyand, o fator principal que determina a velocidade é a força aplicada pelo pé do atleta quando atinge o chão.
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Quando correm a velocidade constante, os atletas se movem como se estivessem em pula-pulas. 90% da força é usada para impulsionar o atleta para cima, e 5% para movimentar para frente. “O que eles fazem é pular bastante”, diz ele. O corpo então se ajusta naturalmente à velocidade, alterando a força com que atingimos o chão com os pés. Quanto mais forte, mais rápido.
E qual a força máxima que um humano pode aplicar ao chão enquanto corre? Weyand publicou um estudo em 2010, no Journal on Applied Physiology, sobre um trabalho em que colocou corredores em esteiras a diferentes velocidades, correndo para frente, para trás e saltando.
Neste trabalho, ele descobriu que quando pulamos, atingimos o chão com 30% mais força do que quando corremos. Baseado nesta informação, o grupo concluiu que seres humanos podem correr a até 19,3 m/s – se usarem da maior força fisiologicamente possível. Isto significa fazer os 100 metros em 5,18 segundos.
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Só que isto não é tão simples. Para maximizar a velocidade o corredor tem que equilibrar a força com que atinge o chão, e a frequência das passadas. Com força máxima, a frequência não é tão alta, o que torna as passadas mais lentas. A combinação ótima de força e frequência de passadas depende de cada indivíduo, por causa de fatores como altura do atleta, comprimento da perna e velocidade que eles correm. Não há uma regra de ouro.
E qual é a velocidade máxima permitida por este modelo? Weyand reluta em dar um número. “A ciência não é boa para fazer previsões de extremos”, diz ele. Mas ele acredita que o tempo mínimo não deve baixar dos 9 segundos. Para comparar com o animal corredor mais rápido, o guepardo pode correr 100 metros em menos de 6 segundos.
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Mas se o homem usar da ciência e tecnologia, ele talvez possa alcançar o guepardo. Hormônios que alteram as propriedades dos músculos poderiam deixar o atleta bem mais rápido, e esta é só uma de várias opções disponíveis para melhorar a performance da corrida. Ainda existem terapias gênicas, tecnologias especiais e agentes farmacológicos, entre outras coisas. Afinal, nosso dom especial não é correr: é vencer nossos limites. 

Arqueólogos descobrem ruínas de antiga cidade maia

Uma cidade inteira cheia de pirâmides e complexos palacianos foi descoberto em uma selva remota no sudeste do México. As ruínas maias foram encontradas por arqueológos em Campeche, uma província no oeste da península de Yucatán. O local é coberto de densa vegetação, e estende-se por cerca de 22 hectares.
Pesquisadores acreditam que a cidade foi ocupada durante o período clássico maia, a partir de 600 dC até 900 dC, quando a civilização misteriosamente começou a desaparecer.
“É um dos maiores locais na depressão central, comparável em sua extensão e magnitude com edifícios como Becan, Nadzcaan e El Palmar em Campeche”, comenta o arqueólogo Ivan Sprajc, em um comunicado do Instituto Nacional de Antropologia e História do México (INAH).
Na cidade, Sprajc e sua equipe descobriram três complexos monumentais com os restos de pirâmides – um com 23 metros de altura -, bem como quadras de esporte, praças, casas, altares, pedaços de estuque pintado e monumentos de pedra conhecidos como estelas. Epigrafistas ainda estão debruçados sobre inscrições no Chactún para entender seu significado, mas uma estela refere-se a um governante aparentemente chamado K’inich B’ahlam, dizem os pesquisadores.
Vestígios da cidade perdida foram vistos pela primeira vez em imagens aéreas de uma vasta área de floresta, que antes só tinha sido explorada por madeireiros e seringueiros e foi considerada um “branco total” no mapa de sítios maias.
“Com fotografias aéreas, encontramos muitas características que eram restos obviamente arquitetônicos”, Sprajc explicou em um comunicado do INAH. “De lá pegamos as coordenadas e o próximo passo foi localizar as ruelas antigas usadas pelos seringueiros e madeireiros para chegar à área”.
Eles só puderam chegar ao local viajando através da selva em um caminhão com tração nas quatro rodas, e ainda assim parando de vez em quando para cortar a vegetação que bloqueava o caminho.


sexta-feira, 10 de julho de 2015

Estamos sozinhos na Via Láctea?

O físico Brian Cox, da Grã-Bretanha, está convencido de que, sim, estamos sozinhos – pelo menos na Via Láctea.
  • Encontraremos vida fora da Terra em breve?
“Há apenas uma civilização tecnologicamente avançada nesta galáxia e sempre foi assim – nós”, afirmou Cox, no último episódio de sua série “Human Universe”, levada ao ar pela BBC.
Seu argumento é que, dos caminhos evolutivos que a vida poderia tomar, a maioria não leva à inteligência. Para provar isso, ele cita dois eventos centrais.
Um deles é o desenvolvimento de organismos multicelulares. Estamos tão acostumados com plantas e animais complexos que é fácil pensar que a natureza já dominou sua criação.
Mas a vida de uma única célula, como a das bactérias, prosperou por 2,6 bilhões anos antes do primeiro organismo multicelular evoluir. A vida multicelular estava longe de ser inevitável. Foi, segundo ele, um golpe de sorte.
“Estamos confiantes de que isso só aconteceu uma vez nos oceanos da Terra primordial”, diz.
O segundo evento crucial é a extinção dos dinossauros, 65 milhões de anos atrás. Foi esse fenômeno que abriu o caminho para os mamíferos se tornarem os predadores de topo e principais animais da Terra.
Os dinossauros dominaram o planeta por cerca de 190 milhões anos, tempo 900 vezes maior do que os seres humanos modernos existem, sem mostrar quaisquer sinais de se tornarem seres inteligentes como somos.
E eles poderiam governar a Terra até hoje se uma série de circunstâncias infelizes não os tivesse deixado vulneráveis a uma colisão cósmica rara com um asteroide.
  • Aliens: 10 motivos de porque ainda não foram encontrados
Conclusão?
A vida inteligente é tão improvável que não poderia ter acontecido duas vezes.

Na contramão (mas nem tanto)

A opinião de Cox vai na contramão da maioria dos outros cientistas. Com a descoberta de mais de 1.800 exoplanetas lá fora, muitos pesquisadores acham que é questão de tempo até encontrarmos vida extraterrestre – embora essa vida possa ser totalmente diferente da que imaginamos.
  • Encontrar vida extraterrestre é apenas um sonho inalcançável?
“Atrevo-me a dizer que a maioria dos meus colegas hoje acham improvável que, na vastidão ilimitada do universo, que estejamos sozinhos”, disse Charles Bolden, ex-astronauta e administrador da NASA.
  • “Vamos encontrar vida no espaço neste século”, afirma pesquisador
Cox, por outro lado, disse que não crê que estejamos sozinhos no universo, mas sim na nossa galáxia – na Via Láctea, ele sugere, somos supremos.

Astrônomos desvendam misterioso objeto no centro da Via Láctea

Por anos, os astrônomos quebraram a cabeça para resolver um grande enigma espacial no centro da nossa Via Láctea: um estranho objeto, que se acreditava ser uma nuvem de gás hidrogênio, parecia se mover em direção ao enorme buraco negro da nossa galáxia.
Astrônomos da Universidade da Califórnia (UCLA), nos EUA, afirmam ter resolvido o enigma do objeto conhecido como G2 depois de estudar a sua maior aproximação ao buraco negro neste verão. Uma equipe liderada por Andrea Ghez, professora de física e astronomia na UCLA, determinou que o G2 provavelmente é um par de estrelas binárias que orbitava o buraco negro em conjunto e que eventualmente se uniu em uma única estrela extremamente grande, envolta em gás e pó, com seus movimentos coreografados pelo poderoso campo gravitacional do buraco negro.
Os astrônomos perceberam que se o G2 fosse uma nuvem de hidrogênio, poderia ter sido dilacerada, e que os fogos de artifício celestes resultantes teriam mudado drasticamente o estado do buraco negro.
  • 10 mistérios do nosso sistema solar
“O G2 sobreviveu e continua feliz em sua órbita; uma nuvem de gás não teria feito isso”, compara Ghez. “Ele basicamente não foi afetado pelo buraco negro. Não houve fogos de artifício”.
Os buracos negros, que se formam do colapso da matéria, têm uma densidade tão alta que nada pode escapar de sua atração gravitacional – nem mesmo a luz. Eles não podem ser vistos diretamente, mas sua influência sobre estrelas próximas é visível e fornece uma espécie de assinatura.
Ghez, que estuda milhares de estrelas na vizinhança do buraco negro supermassivo no centro da nossa galáxia, afirma que o G2 parece ser apenas uma de uma classe emergente de estrelas que estão perto do buraco negro, criadas por causa da poderosa gravidade no local, que impulsiona estrelas binárias a se fundirem em uma só. Ela também observa que, em nossa galáxia, estrelas massivas vêm principalmente em pares.
Ela diz que a estrela sofreu um “arranhão” na sua camada exterior, mas, fora isso, vai ficar bem.
  • E o maior mistério do universo é…
Ghez e seus colegas, entre eles Gunther Witzel, um estudioso de pós-doutorado da UCLA, Mark Morris e Eric Becklin, professores de física e astronomia da UCLA, conduziram a pesquisa no observatório WM Keck, no Havaí, que abriga os dois maiores telescópios óticos e infravermelhos do mundo.
Quando duas estrelas perto do buraco negro se fundem numa só, a estrela se expande por mais de 1 milhão de anos antes de retroceder. “Isso pode estar acontecendo mais do que pensávamos. As estrelas no centro da galáxia são enormes e principalmente binárias. É possível que muitas das estrelas que temos visto e não entendemos podem ser o produto final de fusões que estão calmas agora”, imagina Ghez.
Os pesquisadores também determinaram que o G2 parece estar nessa fase inflada agora. O enigma espacial da estrela dupla tem fascinado muitos astrônomos nos últimos anos, particularmente durante o ano que antecedeu a sua abordagem em relação ao buraco negro.
  • Mistérios escuros: cientistas estudam buraco negro da Via Láctea
Ghez diz que o G2 agora está passando pelo que ela chama de “espaguetificação”, um fenômeno comum perto de buracos negros em que grandes objetos tornam-se alongados. Ao mesmo tempo, o gás na superfície do G2 é aquecido por estrelas em torno dele, criando uma enorme nuvem de gás e poeira que recobre a maior parte da massa da estrela.
Estas novas descobertas estão acontecendo em grande parte pela tecnologia dos telescópios havaianos. “Estamos vendo os fenômenos a respeito dos buracos negros que não podem ser vistos de qualquer outro lugar no universo”, acrescenta Ghez. “Estamos começando a compreender a física de buracos negros de uma forma que nunca foi possível antes”.

Por que o tempo nunca anda para trás

Por que o tempo não anda para trás? Por que nos lembramos do passado e não do futuro? Para um grupo de físicos, as respostas a estas questões profundas e complexas podem surgir a partir de uma fonte bastante familiar: a gravidade.
Mesmo que o tempo seja uma parte fundamental de nossa experiência, as leis básicas da física parecem não se importar em qual direção ele se move. Por exemplo, as regras que governam as órbitas dos planetas funcionam da mesma forma se você ir para a frente ou para trás no tempo. Você pode reproduzir os movimentos do sistema solar em sentido inverso e eles parecem completamente normais, sem violar qualquer lei da física. Então, o que distingue o futuro do passado?
“O problema da seta do tempo tem incomodado mentes desde sempre”, afirma Flavio Mercati, do Instituto Perimeter de Física Teórica em Waterloo, no Canadá.
A maioria das pessoas que já pensou sobre a “flecha do tempo” diz que ela é determinada pela entropia, a quantidade de desordem em um sistema (um sistema pode ser uma tigela de cereal ou o universo). De acordo com a segunda lei da termodinâmica, a entropia total de um sistema fechado sempre deve aumentar. E o tempo parece viajar na mesma direção que a entropia.
  • O tempo é uma ilusão ou uma realidade, de acordo com a ciência?
Quando um cubo de gelo no seu copo derrete e dilui sua limonada, por exemplo, a entropia aumenta. Quando você faz um ovo mexido, a entropia aumenta. Ambos os exemplos são irreversíveis: você não pode refazer um cubo de gelo ou desmexer um ovo. A sequência de eventos – e assim o tempo também – segue somente em uma direção.
Se a seta do tempo acompanha o aumento da entropia, e se a entropia do universo está sempre aumentando, então isso significa que em algum momento no passado, a entropia deve ter sido baixa. É aí que reside o enigma: por que o universo estava em tal estado de baixa entropia?
De acordo com Mercati e os seus colegas, não houve este estado especial e inicial. Em vez disso, um estado que fica o tempo todo apontando para a frente surge naturalmente a partir de um universo ditado pela gravidade.
Para testar sua ideia, eles simularam o universo com uma coleção de 1.000 partículas que interagiam uma com a outra apenas pela gravidade, representando as galáxias e estrelas que flutuam em torno do cosmos.
Os pesquisadores descobriram que, independentemente de posições e velocidades iniciais, em algum momento, inevitavelmente, as partículas encontram-se agrupadas em uma bola antes de se dispersar novamente. Este momento de aglutinação é equivalente ao Big Bang, quando o universo inteiro estava espremido em um ponto infinitamente pequeno.
  • E se o espaço-tempo for um líquido?
Em vez de usar a entropia, os investigadores descrevem o seu sistema com uma quantidade que eles chamam de “complexidade”, que define como mais ou menos a razão entre a distância entre as duas partículas mais distantes uma da outra e a distância entre as duas partículas mais próximas uma da outra. Quando as partículas são aglutinadas, a complexidade é a mais baixa.
A ideia-chave, Mercati explica, é que este momento de menor complexidade surge naturalmente do grupo de interação gravitacional – não são necessárias condições iniciais especiais. A complexidade, em seguida, aumenta à medida que as partículas se dispersam, representando a expansão do universo e o progresso para a frente do tempo.
Mas aqui vai a ideia que vai explodir a sua cabeça: os eventos que ocorrem antes das partículas se aglomerarem, isto é, antes do “Big Bang”, orientam uma segunda direção do tempo. Se você seguir para trás os eventos a partir deste ponto, as partículas irão se dispersar a partir da aglomeração. Como a complexidade está aumentando para trás neste sentido, esta segunda seta do tempo também aponta para o passado. O que, de acordo com este segundo sentido do tempo, é na verdade o “futuro” de outro universo que existe do outro lado do Big Bang.
Mostrar como a direção temporal vem de um sistema tão simples, que segue a física clássica, é uma grande novidade, diz o físico Steve Carlip, da Universidade da Califórnia (EUA).
Porém, uma grande limitação deste modelo é que ele é baseado unicamente na física clássica, ignorando a mecânica quântica. Também não inclui a teoria da relatividade geral de Einstein. Não há energia escura ou qualquer outra coisa necessária para modelar com mais precisão o universo. Mas os pesquisadores estão pensando em como incorporar física mais realista para o modelo, que poderia, então, fazer predições testáveis, diz Mercati. “Então, você realmente teria a natureza dizendo se você está certo ou errado”.
  • Cientistas preveem que o tempo irá parar completamente
“Para mim, o maior problema é que há um monte de diferentes setas físicas de tempo”, aponta Carlip. A direção para a frente do tempo se manifesta de muitas maneiras que não envolvem gravidade. Por exemplo, a luz sempre irradia para longe de uma lâmpada, nunca em direção a ela. Um isótopo radioativo decai em átomos mais leves; você nunca vê o inverso. Por que uma flecha do tempo derivada da gravidade também empurraria outras flechas de tempo na mesma direção? Segundo Carlip, essa ainda é uma grande questão em aberto.

Todas as “esquisitices quânticas” podem ser o resultado de mundos paralelos interagindo

Um físico químico da Universidade de Tecnologia do Texas, nos Estados Unidos, desenvolveu uma nova teoria da mecânica quântica que não apenas presume a existência de mundos paralelos, mas também que a sua interação mútua é o que dá origem a todos os efeitos quânticos observados na natureza.
A teoria, publicada pela primeira vez pelo professor Bill Poirier há quatro anos, tem atraído recentemente a atenção da comunidade da física fundamental, o que o levou a ser convidado a fazer um comentário na revista de “Physical Review X”.
Segundo a teoria de Poirier, a realidade quântica não é semelhante a ondas, mas é composta de vários mundos clássicos. Em cada um desses mundos, cada objeto tem atributos físicos muito definidos, tais como posição e momento. Dentro de um determinado mundo, os objetos interagem uns com os outros de forma clássica. Todos os efeitos quânticos, por outro lado, manifestam-se como interações entre mundos paralelos que estão “nas proximidades”.
  • A ciência por trás dos universos paralelos
A ideia de muitos mundos não é nova. Em 1957, Hugh Everett III publicou o que agora é chamada de interpretação de “Muitos Mundos” da mecânica quântica. “Mas na teoria de Everett, os mundos não são bem definidos”, assegura Poirier, “porque a matemática subjacente é a da teoria quântica padrão, baseada em ondas”.
Em contraste, na “Teoria dos Muitos Mundos Interagindo” de Poirier, os mundos são construídos na matemática desde o início. Será que isso prova algo definitivo sobre a natureza da realidade? “Ainda não”, disse Poirier. “Observações experimentais são o teste final de qualquer teoria. Até agora, a Muitos Mundos Interagindo faz as mesmas previsões que a teoria quântica padrão, então tudo que podemos dizer com certeza no momento é que ela pode estar correta”.
Poirier teve a ideia pela primeira vez de forma inesperada, na busca de um objetivo muito mais prático. “Eu não sentei um dia e disse ‘nossa, vou inventar uma nova interpretação quântica maluca com mundos paralelos’. Eu estava tentando desenvolver um método computacional eficiente usando algo chamado trajetórias quânticas, quando de repente me ocorreu que podemos obter tudo, desde as trajetórias (ou seja, os mundos próprios), sem realmente precisar de qualquer onda”.
  • Em poucos anos, todo o campo da física pode ser revolucionado
Poirier publicou tanto a nova matemática como a nova interpretação em um artigo na “Chemical Physics” em 2010, levando a uma colaboração com o matemático Jeremy Schiff na Universidade de Bar-Ilan, em Berlim. Esta, por sua vez, levou a uma publicação de 2012 no “Journal of Chemical Physics” que – com mais de 20 mil downloads – é um dos trabalhos mais baixados na história do periódico. Mais recentemente, o trabalho tem atraído a atenção da comunidade em geral. “Estamos muito satisfeitos que outros físicos e até mesmo filósofos estejam se envolvendo agora”, comemora Poirier.
Um destes pesquisadores é o físico australiano Howard Wiseman, da Universidade de Griffith, em Brisbane. “Estou muito feliz por ter conhecido Bill”, diz Wiseman, acrescentando que Poirier “pega literalmente essa ideia de que você tem um conjunto de partículas, ao invés de apenas um”. Wiseman e seus colegas de trabalho apresentaram recentemente o seu primeiro artigo sobre Muitos Mundos Interagindo para a “Physical Review X”, que foi publicado em conjunto com o comentário de Poirier. A abordagem de Wiseman é uma versão discreta, para a qual “existe um conjunto finito, mas extremamente grande de partículas… Bem, conjunto de mundos, devo dizer”, explica-se.
  • 5 motivos pelos quais devemos estar em um multiverso
Em relação aos desenvolvimentos matemáticos no artigo de Wiseman, Poirier afirma: “Estas são grandes ideias – não apenas conceitualmente, mas também em relação aos novos avanços numéricos que quase certamente serão gerados. Nosso grupo ofereceu à comunidade da física fundamental uma nova interpretação da mecânica quântica; com efeito, eles retornaram o favor, oferecendo-nos um novo método computacional promissor”.