sexta-feira, 10 de julho de 2015

Todas as “esquisitices quânticas” podem ser o resultado de mundos paralelos interagindo

Um físico químico da Universidade de Tecnologia do Texas, nos Estados Unidos, desenvolveu uma nova teoria da mecânica quântica que não apenas presume a existência de mundos paralelos, mas também que a sua interação mútua é o que dá origem a todos os efeitos quânticos observados na natureza.
A teoria, publicada pela primeira vez pelo professor Bill Poirier há quatro anos, tem atraído recentemente a atenção da comunidade da física fundamental, o que o levou a ser convidado a fazer um comentário na revista de “Physical Review X”.
Segundo a teoria de Poirier, a realidade quântica não é semelhante a ondas, mas é composta de vários mundos clássicos. Em cada um desses mundos, cada objeto tem atributos físicos muito definidos, tais como posição e momento. Dentro de um determinado mundo, os objetos interagem uns com os outros de forma clássica. Todos os efeitos quânticos, por outro lado, manifestam-se como interações entre mundos paralelos que estão “nas proximidades”.
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A ideia de muitos mundos não é nova. Em 1957, Hugh Everett III publicou o que agora é chamada de interpretação de “Muitos Mundos” da mecânica quântica. “Mas na teoria de Everett, os mundos não são bem definidos”, assegura Poirier, “porque a matemática subjacente é a da teoria quântica padrão, baseada em ondas”.
Em contraste, na “Teoria dos Muitos Mundos Interagindo” de Poirier, os mundos são construídos na matemática desde o início. Será que isso prova algo definitivo sobre a natureza da realidade? “Ainda não”, disse Poirier. “Observações experimentais são o teste final de qualquer teoria. Até agora, a Muitos Mundos Interagindo faz as mesmas previsões que a teoria quântica padrão, então tudo que podemos dizer com certeza no momento é que ela pode estar correta”.
Poirier teve a ideia pela primeira vez de forma inesperada, na busca de um objetivo muito mais prático. “Eu não sentei um dia e disse ‘nossa, vou inventar uma nova interpretação quântica maluca com mundos paralelos’. Eu estava tentando desenvolver um método computacional eficiente usando algo chamado trajetórias quânticas, quando de repente me ocorreu que podemos obter tudo, desde as trajetórias (ou seja, os mundos próprios), sem realmente precisar de qualquer onda”.
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Poirier publicou tanto a nova matemática como a nova interpretação em um artigo na “Chemical Physics” em 2010, levando a uma colaboração com o matemático Jeremy Schiff na Universidade de Bar-Ilan, em Berlim. Esta, por sua vez, levou a uma publicação de 2012 no “Journal of Chemical Physics” que – com mais de 20 mil downloads – é um dos trabalhos mais baixados na história do periódico. Mais recentemente, o trabalho tem atraído a atenção da comunidade em geral. “Estamos muito satisfeitos que outros físicos e até mesmo filósofos estejam se envolvendo agora”, comemora Poirier.
Um destes pesquisadores é o físico australiano Howard Wiseman, da Universidade de Griffith, em Brisbane. “Estou muito feliz por ter conhecido Bill”, diz Wiseman, acrescentando que Poirier “pega literalmente essa ideia de que você tem um conjunto de partículas, ao invés de apenas um”. Wiseman e seus colegas de trabalho apresentaram recentemente o seu primeiro artigo sobre Muitos Mundos Interagindo para a “Physical Review X”, que foi publicado em conjunto com o comentário de Poirier. A abordagem de Wiseman é uma versão discreta, para a qual “existe um conjunto finito, mas extremamente grande de partículas… Bem, conjunto de mundos, devo dizer”, explica-se.
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Em relação aos desenvolvimentos matemáticos no artigo de Wiseman, Poirier afirma: “Estas são grandes ideias – não apenas conceitualmente, mas também em relação aos novos avanços numéricos que quase certamente serão gerados. Nosso grupo ofereceu à comunidade da física fundamental uma nova interpretação da mecânica quântica; com efeito, eles retornaram o favor, oferecendo-nos um novo método computacional promissor”. 

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